Saberes em Diálogo: comunidade, escola e universidade na construção da educação quilombola no município de Barra do Turvo-SP

Unidade Sede e Curso(s) do Projeto: FFLCH

Unidade(s) colaboradoras e  Curso(s): IME, IF

Coordenador e contato: Valeria de Marcos/Valeria de Marcos – demarcos.vale@usp.br, (11) 99621 4228 – email projeto: eduquilombola.usp@gmail.com

Equipe do Projeto

  • Valeria de Marcos
  • Fernanda Padovesi Fonseca
  • Glória da Anunciação Alves
  • Maria Cristina Cortez Wissenbach
  • Mikiya Muramatsu
  • Cecil Chow Robilotta
  • Iole de Freitas Druck
  • Viviana Giampaoli
  • Rosangela Sarteschi
  • Igor Gabriel Rodrigues Gonçalves
  • Lucas Martines de Azevedo da Silva
  • Elias Gomes da Silva
  • Thaís de Freitas Branco
  • Helga Kress Meirelles
  • Rodrigo dos Santos Lima
  • Maria Julia Casarini Marchiori
  • Beatriz Gomes de Moraes
  • Geovana Lopes Batista
  • Regina Mariko Yaracê
  • Morena Boregas Rêgo
  • Luciane Hiromi Akahoshi
  • Maria Paula de Jesus Correa

Resumo do Projeto: O projeto Saberes em Diálogo: comunidade, escola e universidade na construção da educação quilombola do município de Barra do Turvo-SP, é resultado de demanda apresentada pelas comunidades quilombolas e visa contribuir com a construção da educação quilombola no município a partir do diálogo horizontal entre os saberes tradicionais das comunidades quilombolas, as práticas docentes dos professores do ensino básico municipal (educação infantil e ensino fundamental I) e o conhecimento científico produzido pela universidade. Em 2019 realizamos a apresentação do projeto aos professores e uma visita de reconhecimento às comunidades quilombolas do município, tendo cada comunidade recebido cerca de 12 professores. A avaliação da visita revelou a necessidade de ampliar a fase de sensibilização. Assim, dedicamos o primeiro ano exclusivamente à realização das oficinas temáticas (culinária, infância, agricultura quilombola, artesanato e devoção quilombola) nas comunidades – com as quais planejamos o calendário e conteúdo de cada uma delas –, sem interferir no seu aproveitamento didático. Foram 21 oficinas envolvendo cerca de 600 estudantes, 30 professores, 60 auxiliares por parte da Prefeitura Municipal e mobilizando cerca de 100 integrantes das comunidades. Os estudantes participaram ativamente das oficinas e as atividades movimentaram as escolas. Em avaliação final entre os professores e equipe gestora nos foi revelado que os alunos haviam espontaneamente identificado várias articulações entre as oficinas e os conteúdos ministrados e que a participação nas oficinas havia contribuído para o combate a um episódio de racismo em sala. Em 2020, com a interrupção das atividades presenciais devido à pandemia Covid-19, nos dedicamos à avaliação do material didático utilizado identificando as articulações com as temáticas das oficinas, ao estudo de outras experiências de educação quilombola e à avaliação crítica das atividades passadas e planejamento das futuras. O contato com a equipe gestora do município foi retomado no início do segundo semestre, e desde então passamos a realizar reuniões quinzenais com representantes dos professores da educação infantil e do ensino fundamental I e os coordenadores pedagógicos. Ampliamos as áreas contempladas no projeto incorporando a área de Ciências e estamos elaborando um curso de formação continuada, a ser ministrado de forma remota, com 60 horas, entre outubro e novembro de 2020.

As informações sobre as atividades do projeto foram postadas no site www.educacaoquilombola.fflch.usp.br Em 29 de março de 2019 realizamos o Seminário Comunidades Quilombolas do Vale do Ribeira, reunindo pesquisas realizadas na FFLCH sobre as comunidades do Vale. O evento foi realizado no âmbito do Projeto Saberes em Diálogo e organizado pela Dra. Laura de Biase. O evento foi divulgado no site FFLCH https://www.fflch.usp.br/1226. O folder e a página de divulgação encontram-se anexos no item Imagens e Notícias do Projeto Os estudantes de graduação apresentaram dois artigos em eventos científicos, conforme abaixo (textos na íntegra constam do relatório parcial): EVENTO: XXIV Encontro Nacional de Estudantes de Geografia – Belém-PA, 03-07 de julho de 2019. SABERES EM DIÁLOGO: COMUNIDADE, ESCOLA E UNIVERSIDADE NA CONSTRUÇÃO DA EDUCAÇÃO QUILOMBOLA EM BARRA DO TURVO-SP Autor: Igor Gabriel Rodrigues Gonçalves Co-autores: Caio Maranho Leonardo Ribas Lucas Martines de Azevedo da Silva Eixo Temático: Políticas Públicas, Cooperações Locais e (re) Ordenamento Territorial Palavras-chave: Educação Quilombola; Comunidades Quilombolas; Transdisciplinar EVENTO: IX Simpósio Internacional de Geografia, X Simpósio Nacional de Geografia (SINGA, 2019) – Recife-PE, 11-15 nov 2019. PRÁTICAS E SABERES QUILOMBOLAS: Pensando oficinas temáticas e as relações entre Comunidade, Escola e Universidade em Barra do Turvo – SP Autores: Igor Gabriel Rodrigues Gonçalves Lucas Martines de Azevedo da Silva Helga Kress Meirelles Grupo de Trabalho 15: Projetos de extensão universitária, de formação e de produção de materiais didáticos e audiovisuais no campo Palavras-chave: Educação Quilombola; Oficinas Quilombolas; Comunidades Quilombolas; Vale do Ribeira; Transdisciplinar O trabalho apresentado no evento acima foi selecionado para publicação na revista OKARA (Geografia em Debate) (no prelo) Também resultou na produção do TGI (Geografia) A comunidade do Ribeirão Grande-Terra Seca: devoção e territorialidade quilombola, elaborado por Lucas Martines sob a orientação da Profa. Dra. Valeria de Marcos e defendido em março/2020

Resultados do Projeto: Ao se propor a contribuir para a construção da educação quilombola no município de Barra do Turvo a partir da articulação de três saberes distintos – o das comunidades quilombolas, o dos professores da rede municipal e o da universidade – de modo horizontal, sem hierarquias, o presente projeto inova audaciosamente. Tal construção, não trivial, pressupõe o exercício da escuta respeitosa, a abertura para a aceitação do ponto de vista do outro e a disponibilidade para a construção de projetos educacionais a partir de pontos de vistas plurais. Esse processo, que por um lado possibilitou a construção de laços entre as comunidades e as escolas municipais, por outro permitiu aos estudantes de graduação, graças à abordagem inter/transdisciplinar, a) compreender como os mesmos saberes aprendidos na universidade são ressignificados/vividos/reinterpretados na realidade das comunidades quilombolas e da sala de aula na educação infantil e ensino fundamental I (níveis de ensino com os quais dificilmente entrariam em contato no seu percurso formativo); b) ampliar sua compreensão sobre a produção do conhecimento interdisciplinar; c) refletir acerca das escolhas teóricas na abordagem dos conteúdos; d) desvendar os desafios e potenciais caminhos para a construção de um diálogo horizontal entre saber popular e saber científico; e) participar da construção de um conhecimento socialmente comprometido. Para as comunidades, a aproximação com as escolas permitiu a construção de um diálogo direto e de contribuição efetiva na construção da educação quilombola. Ao assumir a responsabilidade ativa de parte desta construção, e ao garantir seu lugar de fala, viabilizam a produção de um conhecimento a partir delas e não sobre elas. Tal fato garante uma compreensão sobre o que são as comunidades quilombolas hoje, desconstrói a visão “museificada” e “congelada” no quilombo de Palmares e rompe com visões pré-concebidas como a de que os quilombos pertencem ao passado, são formados por escravos em fuga, etc. Ademais, permite às comunidades o fortalecimento e valorização de sua cultura, modo de vida, de sua história, o que tem maior importância quando consideramos as crianças quilombolas que veem sua origem reconhecida e valorizada em sala de aula. Para a escola, foi uma oportunidade de assegurar o conhecimento já acumulado pelos professores; permitir a troca de experiências; inovar na construção de um conhecimento que ultrapasse os muros escolares; reconhecer a cultura e história presente em seu território. O contato com as comunidades por meio das oficinas permitiu aos professores conhecer na prática a cultura quilombola; ampliar as possibilidades de abordagem de alguns conteúdos específicos; fortalecer a compreensão de que é possível aprender fora da sala de aula. Para os estudantes, as aulas extramuros aguçaram a curiosidade, ampliaram a capacidade de aprendizagem por formas não convencionais e fortaleceram a autoestima das crianças de origem quilombola e também daquelas moradoras das áreas rurais, que identificaram muitas semelhanças entre as comunidades e o que ocorre nos sítios onde moram. Foram impactadas DIRETAMENTE 5 comunidades quilombolas totalizando 285 famílias (77 Ribeirão Grande e Terra Seca, 40 Cedro, 87 Pedra-Preta e 81 Reginaldo), assim como 7 escolas municipais de Barra do Turvo. Participaram das atividades cerca de 600 alunos(as), 21 professores(as) envolvidos diretamente no projeto e 5 membros da equipe gestora. Também a Secretaria da Educação de Barra do Turvo e a Fundação Florestal (através da RDS Quilombos de Barra do Turvo) foram positivamente impactadas pelas ações do projeto. Podendo compartilhar dos resultados e experiências desenvolvidos, podemos mencionar impacto INDIRETO nas 2850 comunidades quilombolas já reconhecidas pela Fundação Cultural Palmares (sendo 54 no Estado de São Paulo) e, pouco mais próximo, um total (reconhecidas ou em processo) de 60 comunidades quilombolas apenas na região do Vale do Ribeira. O impacto da experiência vivenciada pelos estudantes em suas famílias e amigos é também difícil de ser mensurada mas, se estimarmos apenas um núcleo familiar de 4 pessoas, o impacto seria já de 3.268 pessoas, número que se amplia se pensarmos em avós, tios, primos, amigos, etc. Finalmente a disponibilização de material didático a ser produzido poderá impactar o universo escolar e acadêmico numa ordem pouco previsível. Na pesquisa o projeto impactará diretamente, por ora, 3 projetos em andamento: sendo um mestrado profissional em ensino de matemática (NPEM IME-USP), um mestrado acadêmico em Geografia Humana (PPGH FFLCH USP), uma Iniciação Científica (Geografia/FFLCH), será base para mais uma IC/TGI e integrará a tese de livre-docência da coordenadora do projeto. Ao longo das atividades novas pesquisas poderão surgir.

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